QUIMBANDA É GUERRA

Postagem do Instagram: a guerra é uma ferramenta de mutabilidade do cosmos.


@tatakamuxinzela 

Quando nós dizemos que a Quimbanda é guerra, estamos
sugerindo uma fórmula mágica, não um evento ou fenômeno. O desentendimento vem
da compreensão profana e contemporânea, vamos dizer até ilusória, da guerra:
ódio e ira. Quem escuta que a Quimbanda é guerra, se horroriza ou pensa em
feiticeiros lutando por território em contendas mágicas. Miragem! Heráclito de
Éfeso tem uma frase que transmite a ideia: polemos pater pantom, i.e. a guerra
é o pai de todos. Guerra é o estado natural do Cosmos; a Natureza está o tempo
todo em batalha na intenção de selecionar os mais fortes. E a primeira guerra
que todos nós travamos é a do nascimento neste mundo.
 

O homem do Mundo Antigo, o hermetista da tradição
derivada do Corpus Hermeticum, o iniciado ou homem noético, o hierofante dos
mistérios, o mistagogo, detinha uma compreensão iniciática da guerra: ele a compreendia
como um aspecto inseparável do sagrado, da ordem do Cosmos. Acaso Marte/Ares/Ògún
reina como um deus à toa? Não, foi ele quem ensinou, i.e. transmitiu seu àṣẹ
vivificador, aos homens, dotando-lhes com a ciência da arte da guerra como
ferramenta de sobrevivência e superação da selvageria da Natureza. A guerra
para um kimbanda assim como para os hierofantes da Antiguidade, trata-se de uma
ferramenta para o equilíbrio das forças dentro da ordem do Cosmos, uma
ferramenta para o equilíbrio dos opostos, como se diz.
 

Essa ferramenta ou fórmula mágica está impressa na imagem
teriomorfa de Baphomet, a representação iconográfica do Chefe Império Maioral,
o Diabo, assim como no seu Brasão Imperial, sua representação simbólica: é o
próprio Solve et Coagula que norteia o culto da Quimbanda. A guerra é uma
ferramenta de compensação/equilíbrio das correntes de força ódica dentro do
corpo de Maioral, que é a Alma do Mundo. Essas correntes de força ódica são
manipuláveis por agentes mágicos universais, os Espíritos Ganga da Quimbanda. A
guerra é, portanto, uma ferramenta natural da mutabilidade, i.e. da mudança (dissolução
e coagulação) do Cosmos.

Táta Nganga Kamuxinzela