O ritual ou a cerimônia de iniciação na Quimbanda não
representa a Iniciação. A cerimônia marca simbolicamente o início da jornada;
não se trata de um fim, mas de um começo. A Iniciação de fato ocorre no percurso,
no caminho, no exercício do conhecimento e conversação com o Exu tutelar. O que
garante a Iniciação é a comunicação efetiva com o Exu. O Mestre de Quimbanda é
o agente através do qual essa comunicação se estabelece inicialmente e a
Quimbanda, i.e. o sistema, fornece as ferramentas e os métodos para que o
adepto se mantenha em comunicação com Exu.
Eu sempre dou ênfase a fórmula mágica universal do
espírito tutelar que ampara a estrutura da Quimbanda: no Mundo Antigo o termo
«iniciação» associado aos cultos de mistérios e religiosos de modo geral se
referia a uma dimensão de genuína conexão com os espíritos (leia-se deuses).
Por exemplo, no hermetismo tradicional quem confere a iniciação verdadeira e
genuína é a conexão com Poimandres, o Supremo Daimon, a fonte emanatória de
uma miríade de daimones menores e dez «potências» através das quais é possível
acessá-lo. Não é diferente na Quimbanda! Os Gangas são «expressões» emanatórias
do Trono do Chefe Império Maioral e a conexão com essa Força Suprema do orbe
terrestre sublunar. É por esse motivo que os Exus de coroa de cada kimbanda
adepto do culto estão conectados aos Maiorais: Lúcifer, Beelzebuth e Ashtaroth.
Nós sempre dizemos que quem abre caminhos ou aceita novos
adeptos na Quimbanda é o Chefe Império Maioral, o Diabo. É ele quem designa os
Exus da coroa mediúnica dos adeptos que são, portanto, os «agentes mágicos
universais» intermediários entre o kimbanda e Maioral; são os responsáveis pela
comunicação/conexão entre o kimbanda e Maioral. Veja minha postagem anterior
sobre os deuses terrestres do hermetismo e os Gangas da Quimbanda.
Táta Nganga Kamuxinzela