QUIMBANDA: GUERRA, DOMÍNIO & REALEZA
Por Táta Nganga Kamuxinzela
@tatakamuxinzela | @covadecipriano | @quimbandanago
A natureza da Quimbanda é
a guerra, o combate, o abate predatório, porque seu objetivo último é o
domínio! Trata-se de um culto visceral de caça e expansão de território. Seus
adeptos são considerados guerreiros que lutam para expandir o Reinado do Chefe
Império Maioral, o Diabo.
Ao tornar-se um Táta de
Quimbanda, o Exu recebe seu domínio, seu governo dentro do
Reinado de Maioral; ele é coroado o rei de sua morada, regente de sua legião
de espíritos, mortos e demônios. É por isso que vemos o termo domínio
estampado nos nomes de diversos templos de Quimbanda espalhados pelo Brasil.
A Quimbanda se trata do
domínio de cada Exu, não de seus médiuns, os Mestres da Quimbanda. O que é sagrado
na Quimbanda é Exu, não os adeptos. Os Mestres de Quimbanda vêm e vão; seus
nomes às vezes permanecem na memória coletiva por algumas décadas, mas depois
desaparecem na noite dos tempos. Exu, por outro lado, permanece para muito além
do tempo e espaço. O templo ou domínio de Quimbanda é o trabalho do Exu, não do
Mestre de Quimbanda. O verdadeiro Táta e Chefe do templo é o Exu, não o seu médium.
Quimbanda se trata
de realeza! Os Exus são Reis de seus domínios e sob o comando deles operam uma
legião de espíritos-servidores e falangeiros. O termo coroa mediúnica se
refere à coroa de todo um reinado, governo ou domínio. A coroa é usada por um Rei,
o Exu, porque ele se ergueu da tumba do corpo físico com um corpo glorificado
(deificado) através dos processos iniciáticos da Quimbanda.
Isso implica em conquista,
domínio e poder. Este poder não é simbólico! Sua natureza, embora
transcendente, também é material. Essa é uma sabedoria perene da Realeza, e
esteve presente em inúmeras civilizações e culturas. No antigo Egito o faraó
era considerado imbuído de um poder que não era simbólico, mas transcendente,
material e taumatúrgico, e dele dependia a ordem do cosmos e de toda a
sociedade. O faraó encarnava o princípio solar-ígneo, o poder da glória e da
vitória.
Este princípio de Realeza
Solar que representa a conquista, o domínio, a glória e a vitória, está
representado na Chancela Imperial de Maioral, e simboliza o próprio poder sobre
a força de vida presente no cosmos material, por isso ele aparece coroando
a Chancela Imperial de Maioral.
É este poder que capacita
o Exu a manipular as correntes de força presentes no Corpo de Maioral, o agente
mágico universal. As antigas provas pelas quais os Exus passavam, como a
prova da labareda de fogo, visavam dar comprovação perante a comunidade de que
ali este poder taumatúrgico estava presente.
Toda fórmula mágica da
Quimbanda está representada na Chancela Imperial de Maioral. Conhecer os
símbolos ali presentes é compreender toda hierofania da Quimbanda.