TUDO AQUILO QUE TRAZEMOS DA ANCESTRALIDADE
Por
Táta Nganga Kamuxinzela
@tatakamuxinzela
| @covadetiriri | @tatangangakamuxinzela
Nós sempre dizemos que os nossos problemas mais
significativos e nossas maiores dificuldades na vida, estão associados a toda
nossa herança ancestral, por um simples motivo: nós somos o eco de nossos
ancestrais. Então a maneira como lidamos com as complexas situações existenciais,
as intempéries da vida e as intricadas relações com outros indivíduos, de igual
modo são um eco de toda nossa ancestralidade. Daí que:
Quem é execrado por sua família, pai e mãe, por
comportamento desonrado, de certo terá dificuldade com a figura paterna (o
táta) e materna (a mameto) em uma família tradicional de Quimbanda,
demonstrando o mesmo comportamento desonrado perante a autoridade (qualquer que
seja ela na vida). A Quimbanda oferece uma oportunidade de cura ancestral, mas
o indivíduo tem de estar aberto ao processo de cura.
Em nossa sociedade brasileira, o «ethos» de um
sacerdote, táta ou mameto de Quimbanda, é a «credibilidade» que constrói ao
longo de sua carreira sacerdotal, associada diretamente ao seu comportamento, o
domínio de si mesmo, o que significa frear a impulsividade, os «cavalos dos
sentidos» e todo vício, mal comportamento e má educação deles derivados. Um
táta só será de fato táta, perante a sociedade, quando se comportar como um
táta. De igual modo uma mameto só será respeitada pela sociedade quando se
comportar como uma mameto. É por isso que na @covadecipriano e @covadetiriri a
honra e o comportamento adequado vêm em primeiro lugar, e sabemos que este é um
caminho de longa jornada de aperfeiçoamento.
Nós somos o que demonstramos ser, não o que
falamos. Ninguém é táta ou mameto de fato até ter sob sua administração um
domínio estabelecido de Exu e Pombagira, com iniciados evoluindo sob sua
supervisão e orientação do Exu chefe da casa. Até porque quem é táta de verdade
é o Exu, não o adepto. Mas a soberba toma conta do mutuê e o adepto começa
achar que é aquilo que nunca foi antes, um mestre de nada, de ninguém. Não é
referência e ninguém lhe escuta. Daí que terminamos com Liber AL vel Legis III:42: O sucesso é a tua prova, porque só é pseudo-mestre o mestre que não
é mestre de ninguém, nem de si mesmo.